quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

No colo que não é meu

Desde que me conheço que sempre quis ser mãe. Dizia imensas vezes que ia ser mãe de cinco e que ia correr tudo bem, era uma sonhadora agora que penso nisso, não tinha a noção da vida.
Sempre foi um desejo enorme ter alguém com quem me preocupar, alguém que fizesse parte de mim, alguém que eu fosse ajudar a crescer e a evoluir enquanto pessoa.
Ser mãe sempre esteve nos meus planos desde miúda e assim o fiz, realizámos o nosso/meu sonho o ano passado e não podia estar mais satisfeita.
Que me perdoem as mais sensíveis, mas desta experiência toda uma das coisas que mais gosto é de dar colo. Amo dar colo, de aconchegá-lo no meu peito, de o adormecer nos meus braços de o embalar (embora fique com eles dormentes porque o gordinho já está pesado e só tem cinco meses).
Gosto de me sentir o abrigo dele sabem? de ser o colo que ele procura quando está mais irritado, de ser o peito onde ele faz birras e birras e birras e não sei se já disse birras? contra o sono (todos os dias, todas as santas noites).
Depois de cinco meses em casa, onde era só eu e ele (não desfazendo do meu futuro marido, mas também tinha de trabalhar) estávamos vinte e quatro sobre sete juntos, eu fazia tudo com ele, era raro (muitíssimo) raro deixar com alguém e parece que criei uma ligação estranha digamos assim, não conseguia estar muito tempo sem o ir espreitar ao berço, sem ver cinquenta mil vezes se estava a respirar bem, se não tinha posto o cobertor na cara, eu sei lá, mães "paranóicas" como eu vocês sabem do que falo.
Bem o que eu ia a dizer é que comecei a trabalhar e o gordinho começou a ir para a creche no início do ano.
Apesar de adorar a creche onde está e as educadoras, sinto inveja sabem... o colo que ele procura para se aconchegar e dormir a sesta já não é o meu, o colo que ele procura para se acalmar já não é o meu, já não sou eu que o embalo ao som de uma canção a seguir ao almoço, já não sou eu que lhe dou festinhas na testa para o tranquilizar...o colo já não é o meu. Vou descansada para o trabalho sabendo que ele está bem, mas... não está comigo.
Sei que está bem e feliz, sei que é bom para o seu desenvolvimento, mas tenho sempre medo que já não me queira mais, que já não me procure, que já não me sinta, que já não seja o seu porto seguro.
São estas inseguranças que me deixam a pensar todos os dias.
Vou ser sempre o seu abrigo.
Ele ainda não sabe, mas vamos ser sempre um do outro.
O colo pode já não ser meu, mas ninguém te ama tanto como eu.


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