segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

Depois de ti...

Depois de ti aprendi a ter o coração fora do peito, e se custa oh se custa estar sem ouvir o teu choro quando queres colo, sem te ouvir palrar todo o dia, sem ver o teu sorriso nas horas em que estou fechada naquelas quatro paredes para trazer pra casa um futuro melhor.
Depois de ti tive de aprender o que é dizer adeus ainda que, seja por uma horas.
Depois de ti vieram as dores...sim, as dores, os rins doem, a cicatriz dói, o peito dói, a azia veio para ficar e a memória foi fazer uma viagem tão grande que ao que parece fiquei confinada a certas palavras e se formular uma frase, a meio, já perdi o raciocínio...bom era andar todo o santo dia com um teleponto atrás.
Depois de ti disse adeus à cama, adeus aos sonos profundos, adeus às noites bem dormidas, às sestas no sofá, mas, pelos vistos para ti a nossa cama é um íman, adoras estar lá aconchegado com a mamã e o papá.
Depois de ti já não sei a quantas ando, deixei de ter horários para comer, deixei a casa ficar mais vezes desarrumada, deixei-me ir abaixo muito mais vezes.
Depois de ti os elásticos passaram a ser os meus melhores amigos, puxas o cabelo com tanta força que nem sei como ainda não fiquei careca.
Depois de ti esqueci-me de mim e ainda que digam que isso não pode acontecer a verdade é que aconteceu connosco, vivi e vivo para ti e esqueço-me do resto (venham lá as alminhas iluminadas a dizer que uma mulher não deixa de ser mulher depois de ser mãe) que saiam pela mesma “porta” que entraram meus docinhos.
Depois de ti os meus banhos passaram a ser cinco minutos, tu nem sabes o que passa pela cabeça de uma mãe quando está no banho e obviamente quando chegava perto de ti estavas a dormir tranquilo ou a ouvir o panda e os caricas como tanto gostas.
Depois de ti muita coisa mudou.
Depois de ti nunca mais fui a mesma.
Depois de ti o meu corpo mudou e sabes que mais eu nem quero saber! Ao início chorava porque me sentia feia, um pote, gorda, sei lá tanta coisa quem nem te consigo explicar, passei a ter uma “bolsa” debaixo do umbigo em que me faz parecer um kanguru, mas se queres saber já me incomodou mais, faz parte da minha história, da nossa história.
Depois de ti o romance foi-se.
Depois de ti o amor foi redireccionado e fomo-nos esquecendo que ainda éramos namorados, o pai e eu estávamos tão ocupados com tudo que nos desenlaçamos um do outro.
Depois de ti tivemos de aprender tudo outra vez, a amar, a respeitar, a testar novos limites, a ser mais calmos, menos respondões (esta última parte era para mim)
Depois de ti a vida nunca mais será igual e olha que maravilha que é ver-te a crescer bem e feliz!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

No colo que não é meu

Desde que me conheço que sempre quis ser mãe. Dizia imensas vezes que ia ser mãe de cinco e que ia correr tudo bem, era uma sonhadora agora que penso nisso, não tinha a noção da vida.
Sempre foi um desejo enorme ter alguém com quem me preocupar, alguém que fizesse parte de mim, alguém que eu fosse ajudar a crescer e a evoluir enquanto pessoa.
Ser mãe sempre esteve nos meus planos desde miúda e assim o fiz, realizámos o nosso/meu sonho o ano passado e não podia estar mais satisfeita.
Que me perdoem as mais sensíveis, mas desta experiência toda uma das coisas que mais gosto é de dar colo. Amo dar colo, de aconchegá-lo no meu peito, de o adormecer nos meus braços de o embalar (embora fique com eles dormentes porque o gordinho já está pesado e só tem cinco meses).
Gosto de me sentir o abrigo dele sabem? de ser o colo que ele procura quando está mais irritado, de ser o peito onde ele faz birras e birras e birras e não sei se já disse birras? contra o sono (todos os dias, todas as santas noites).
Depois de cinco meses em casa, onde era só eu e ele (não desfazendo do meu futuro marido, mas também tinha de trabalhar) estávamos vinte e quatro sobre sete juntos, eu fazia tudo com ele, era raro (muitíssimo) raro deixar com alguém e parece que criei uma ligação estranha digamos assim, não conseguia estar muito tempo sem o ir espreitar ao berço, sem ver cinquenta mil vezes se estava a respirar bem, se não tinha posto o cobertor na cara, eu sei lá, mães "paranóicas" como eu vocês sabem do que falo.
Bem o que eu ia a dizer é que comecei a trabalhar e o gordinho começou a ir para a creche no início do ano.
Apesar de adorar a creche onde está e as educadoras, sinto inveja sabem... o colo que ele procura para se aconchegar e dormir a sesta já não é o meu, o colo que ele procura para se acalmar já não é o meu, já não sou eu que o embalo ao som de uma canção a seguir ao almoço, já não sou eu que lhe dou festinhas na testa para o tranquilizar...o colo já não é o meu. Vou descansada para o trabalho sabendo que ele está bem, mas... não está comigo.
Sei que está bem e feliz, sei que é bom para o seu desenvolvimento, mas tenho sempre medo que já não me queira mais, que já não me procure, que já não me sinta, que já não seja o seu porto seguro.
São estas inseguranças que me deixam a pensar todos os dias.
Vou ser sempre o seu abrigo.
Ele ainda não sabe, mas vamos ser sempre um do outro.
O colo pode já não ser meu, mas ninguém te ama tanto como eu.