segunda-feira, 22 de junho de 2020

Carta para a minha Ansiedade

Escrevo-te com um sorriso no rosto.
Os tremores já começaram a passar, as lágrimas já acabaram de escorrer, o coração já acalmou e as nuvens que pairavam na minha cabeça começaram a desvanecer. 
Escrevo-te para te dizer que mais uma vez não levaste a melhor. 
Por breves momentos apoderas-te do meu corpo e sobretudo da minha mente, achas-te dona de mim e dos meus pensamentos, mas, quero que saibas que só me comandas por breves instantes, eu, dona de mim faço-te desaparecer por momentos. Ainda que por pouco tempo, nesse período eu sinto paz. 
Como posso ter tanto medo?
Como posso imaginar mil situações e nenhuma delas acontecer?
Como posso viver sem me sentir no limite?
Enfrento o mundo todos os dias, mas a minha guerra é interior. 
Acordo todos os dias com um pensamento positivo e sou derrotada por ti. 
Quando os meus dias estão a terminar, deito a cabeça na almofada e lá vens tu, sorrateira, fazes-me dar voltas e voltas na cama sem pressa de adormecer, com um peso nos ombros e a cabeça num turbilhão. 
Ter-te é nunca estar só. 
Ter-te é dividir-me. 
Deixa-me. 
Quero voar sozinha, livre dos teus pensamentos, dos teus medos, dos teus receios, das tuas incertezas. 
Deixa-me, quero estar sozinha, quero viver em paz comigo. 
Quero deixar de estar irritada, frustrada, triste, desanimada, de viver em constante pânico e sinal de alerta, quero saber o verdadeiro significado de relaxar e poder desfrutar da vida, a única que me deram e que até hoje não me deixaste aproveitar nem por um segundo.
És o meu alter ego. 
És a droga do meu cérebro, és viciante.
Queria acabar esta carta com uma despedida, mas não posso, não consigo, sei que te vou reencontrar por aí. 
Queria poder dizer às pessoas o quanto me dói, mas estou apenas a "panicar por coisas insignificantes", queria simplesmente dizer a dor que me vai cá dentro como se de dor física se tratasse, dessa toda a gente tem conhecimentos. 
Queria arrancar do meu peito todo este peso, toda esta insegurança e incerteza. 
Deixa-me ser feliz e fazer quem me rodeia também. 
Queria acabar esta carta com um adeus. 
Até nunca, ou até daqui uns instantes.