Num corpo que não é meu...

Devia ter nascido com o cor-de-rosa a rodear-me no quarto...

Devia ter podido brincar livremente com as bonecas que escondia debaixo da cama com medo das bofetadas do meu pai...

Devia de me ter preparado para as perguntas das tias no natal "e as namoradinhas".

Era tudo muito bonito quando era criança..."é uma fase" "isso passa" "deixa lá, miúdos"

A verdade é essa...já não sou um miúdo...e agora o que faço? Já não posso disfarçar com as namoradinhas da escola onde só dávamos a mão, onde só procurávamos juntos as formigas nos recantos do recreio...

Agora quero amar e não posso, quero livrar-me de um corpo que me atormenta e não posso...

Levem-me daqui, eu não pertenço a este lugar...

Devia ter podido ir às compras com a minha mãe, debruçar-me sobre a maquilhagem, ver os vestidos que me ficavam melhor, que copa poderia usar...

Devia de ter tido hipótese de ter um longo cabelo a percorrer-me as costas e não pêlos a espalharem-se pela cara.

Devia de ter escolhido ir às festas, namorar, sair, dançar, VIVER!

Estamos aqui só tu e eu...frente a frente...estou nu diante de ti...de mim...espelho que me reflete de forma errada, que me mostra aquilo que não sou, que revela o ódio que tenho por ti. Deixa-me viver, deixa-me sair daqui, deixa-me poder apreciar o quão bom é ser mulher, o quão bom é sentir-me desejada, amada, respeitada, livre, protegida e bonita. Deixa-me sentir o quão bom é sentir-me viva...não me deixes morrer aos poucos...

Não conheço a vida...

Se para vocês foi mãe, para mim é madrasta. 

Puta da vida que me fizesse a mim mulher, que me desse a mim o dom de carregar alguém nove meses, que me desse a primeira decepção amorosa que me fizesse correr para os braços da minha mãe.

Olha-me nos olhos,sim tu, és nojento, repugnante, a vergonha da família, deves gostar de ver o ódio estampado na cara do teu pai, faz-te um HOMEM! deixa-te de mariquices! Se estás num corpo que não é teu, vive uma vida que não é TUA! Vá sê alguém por debaixo desses desejos loucos...tu? mulher? vê se acordas...aceita o que és e vive aquilo que os teus pais idealizaram para ti, corre atrás dos sonhos que não são teus, vai sem medo seu puto de merda. Cresce!! Alegra os teus, mas esquece-te da tua felicidade...

Tu és capaz de ser aquilo que não queres?

Desprende-te do corpo que não te pertence 

Sê feliz 

Ainda vinhas a tempo...

Hoje ainda vinhas a tempo...

Estaria aqui de braços abertos como sempre estive à tua espera...

Iria perguntar-te por onde andaste, em que sarilhos te metes-te e porque demoraste tanto a voltar...

Iria apaixonar-me outra vez por esse sorriso, por esse olhar e por essa tua parvoíce genuína que me fazia tanto rir. 

Passaram alguns anos e parece que nada mudou...

Cada vez que fecho a porta desta casa para ir trabalhar, parece que te vejo em cada recanto. Ainda te vejo a ler o livro naquela poltrona que eu detestava, mas que decidiste trazer da casa dos teus pais...Não combinava com nada, mas para variar fiz-te a vontade e deixei-a ficar.

Ainda vinhas a tempo de me fazer festas no cabelo até adormecer, de me enroscar em ti e pensar que o mundo lá fora continuava numa correria, mas contigo...contigo congelava todos os relógios perdidos pela nossa casa...pelo nosso lar...

Vinhas a tempo de saborear o teu café da manhã que fazia todos os santos dias, embora, muitas das vezes deixasse queimar as torradas e irritada começava a reclamar com tudo e ainda assim conseguias comê-las só para me reconfortares "não estão assim tão más, vá senta-te".

Vinhas a tempo de contar as estrelas no tecto do nosso quarto, que parolos...quantas vezes não ficámos horas a fingir que as víamos...

Ainda vinhas a tempo de fazermos amor...de percorreres o meu corpo com esses lábios carnudos e arrepiantes, de me fazeres só tua e de me consumares sem pecado algum se não o de duas almas apaixonadas. 

Baixei todas as molduras que tinha com fotografias nossas, a nossa casa não merece as nossas recordações, não merece o amor que já não volta, não merece os risos que ainda ecoam...

Eu merecia que estivesses aqui, do meu lado, a segurar este ramo de flores e a colocar noutra campa qualquer sem ser na tua... 

Dói sabes...falar contigo todos os dias sem ter uma resposta...

De te abraçar sem te tocar 

De te sentir em mim 

De ouvir a tua voz sem saber de onde 

Só queria saber se me perdoas por tudo aquilo que te disse naquele dia...

No dia em que te levaram de mim...

Caí devastada quando soube...

Partiste sem saberes que te amava tanto, que te admirava tanto, que te estava tão grata por tudo o que me fizeste tornar.

Hoje sou só mais uma alma no meio de tantas outras que habitam neste deserto de morte, de tristeza e solidão...

Já não tenho forças sem ti...

Hoje ainda vinhas a tempo de voltar para casa...para mim...para nós...

Ainda vinhas a tempo...

Mas o tempo é que te levou de mim...

Sei que um dia...

Sei que um dia vais chegar devagarinho e não vai ser preciso pedir-te para ficares...

Sei que me vais mostrar que o céu não é tão cinzento como eu o pinto...

Que a vida não é um mar de rosas, mas que ainda assim podemos ser felizes...

Sei que um dia vais querer ficar mesmo que te mande embora, que não te queira ver mais, que diga que te odeie...

Sei que um dia hás-de chegar...

Não interessa quando,

Como,

Nem porquê...

Eu sei apenas que virás...

Mas sabes...Já perdi a vontade de contar os anos, os meses, os dias, as horas em que isso vai acontecer...Não vou esperar, sei que um dia por acaso vais surgir por aí como se nada fosse e dar o ar da tua graça. Vais fazer me perguntar "Onde andaste a minha vida toda?" "À tua procura" sussurras-me.

Sei que um dia vou levar-te o pequeno-almoço à cama para me redimir de acordar sempre de mau humor, rabugenta, descabelada e com os olhos todos borrados porque não me apeteceu tirar a maquilhagem...e mesmo assim...mesmo assim vais dizer que estou "linda"

Sei que um dia vou querer desligar-me do mundo, dos problemas, do stress, dos sonhos perdidos, vou apenas aconchegar-me nos teus braços e pedir-te para não me largares...

Sei que um dia vou deixar de "foder"... porque nós...nós vamos fazer amor.

Sei que um dia vamos estar deitados na cama a trocar sonhos, promessas, gargalhadas e o nome dos nossos filhos...vais gozar comigo quando disser que quero chamar a nossa filha de Stella "nem é nome de gente" como toda a gente me diz...

Vais achar-me maluca por te dizer que quero ter cinco filhos, "Quase impossível no país que estamos, mas mesmo assim tentamos e se não der aqui emigramos"

Sei que um dia vais tentar surpreender-me, embora saibas que eu odeio surpresas, porque nunca sei como agir...

Vais ajoelhar-te e mostrar-me o anel que eu nunca quis ter no dedo, não queria casar, tu sabias disso...

Um dia vou caminhar para o altar, prometer amar-te para sempre, cuidar de ti,  ficar do teu lado...

Não vamos quebrar promessas ok? Peço-te.

Vais mostrar-me que também tenho direito ao amor, que esta frieza toda vai passar e que posso acreditar em ti...em nós...

Um dia vais acordar a meio da noite para satisfazeres um desejo parvo de grávida...e depois...

Depois vamos passar madrugadas em claro a mudar fraldas, dar biberons e acalmar cólicas.

Sei que um dia vamos estar sentados num banco de jardim a ver os nossos netos brincar...

Um dia vamos ensinar-lhes o quão é bom viver, a importância do amor e da família.

Sei que um dia vais sentar-te com os nossos netos na tua poltrona e a minha... já vai estar vazia...não vais deixar que ninguém a deite fora, que ninguém se sente nela, nem que ninguém lhe toque...para ti...vou continuar ali sentada, a fazer uns sapatinhos ou um casaquinho para o nosso próximo neto, enquanto a novela não começa...Vais mostrar-lhes o nosso álbum de casamento...vais mostrar-lhes as fotografias das nossas viagens porque tens medo que eles me esqueçam...

Sei que um dia vou ter alguém assim, que me faça feliz...que me ame...que me complete...

Mas enquanto esse dia não chega, eu simplesmente sei que vens...

Vamos,

Vem-te, 

Eu vou.

Não somos nem sequer um prototipo de casal, mas acasalamos.

Não nos amamos

Não nos pertencemos, mas entre aquelas quatro paredes sou tua.

Preenche-me a alma ou enche-me de tesão!

Não te quero, mas acabo sempre a bater-te à porta.

E lá vamos nós para mais um carrossel de emoções. 

Vai e vem,

Quero, não quero,

Anda, desanda, 

Fica

Vai. 

E eu vou, com a certeza que volto a cair nos teus braços.

Quero-te de uma vez por todas...

E tu de todas não queres nenhuma.

Com mais quantas precisas de desfazer essa cama? 

Deixa-me ir, 

Mas quero-te só mais uma vez...

Olá leitores! 

Para que não fiquem desactualizados das refeições que vou fazendo, aqui ficam algumas sugestões dos snacks que preparo para pequenos almoços ou lanches!

Alguns deles são panquecas de aveia, contudo, ainda não vou disponibilizar a receita porque ainda não estão a 100%, assim que estiverem Top, eu partilho.

Tenho utilizado bastante os frutos vermelhos, porque são super benéficos para a saúde, possuem poucas calorias, são ricos em fibra e são também alimentos anti cancerígenos e poderosos para o cérebro. 

Isto tudo também só surte efeito se praticarem exercício físico, dormirem as oito horas diárias e se 1,5 litros de água por dia estiverem presentes na vossa dieta!

Juntos, 

Conseguimos!

Vicente: Significa "o que vence", "aquele que conquista", "vencedor/conquistador".

Não tenho a mais pequena dúvida meu amor, que nasceste para ser um guerreiro, um vencedor e um lutador num País que te acolheu tão erradamente. 

Nasceste para ter todas as condições de vida, para seres feliz e teres estabilidade, para brincares e sorrires, para não teres de pensar no que os pais vão conseguir pôr na mesa ao jantar, não nasceste para pensar que podes ter menos que o Zé, Manel, Francisco. Não nasceste para olhares para o lado obscuro da vida e vires nele a solução para todos os teus problemas. 

Nasceste bem no País errado meu amor.

Mas deixa isso para lá meu amor, meu pequeno anjo de pele rosada e cabelo escuro, estou orgulhosa por te ter nos braços, por te ver chorar de 2/3 horas com fome, por ter ver abrir os olhos e sorrir. Tão pequeno e frágil que tenho medo de te partir em mil pedaços, em vez disso, o que se parte é o meu coração por te ver crescer tão rápido. Daqui a pouco aí estás tu a dar os primeiros passos, a dizer as primeiras palavras, a brincar com carrinhos e a fazer as tuas gracinhas. 

Tão pequeno e não sabes o tamanho da felicidade que temos em te ter nas nossas vidas. 

Estarei por perto até me deixarem meu amor, porque se assim continuar vou ser obrigada a deixar para trás todos os que nos querem bem e a partir à procura de algo que me preencha profissionalmente, porque pessoalmente, meu amor, nada me enche tanto o coração do que te ver a ti e à tua mana Nena. 

Obrigada por fazerem parte da vida desta tresloucada que é a vossa tia, mas que ainda assim, vos ama incondicionalmente.